Diagnosticar para empoderar a população

Recentemente li que a Câmara Municipal de Paredes pretendia auscultar a população com
vista a definir o futuro do seu território para a próxima década. No fundo, penso que o que se
trata é do edil de Paredes diagnosticar, “deitar mão” de instrumentos de diagnóstico social e,
desta forma, puder conhecer melhor a sua realidade concelhia.

Esta é, no meu entender, uma excelente e invulgar abordagem que pode e deve ser replicada pelos vários concelhos do país.

Um diagnóstico tem, normalmente, dois objetivos: um é a identificação, a interpretação e
explicação dos problemas que afligem a população, outro é o perceber as aspirações dessa
mesma população. A importância dos diagnósticos reside, portanto, no facto de ser, ou dever
ser, o primeiro passo para a resolução de um problema.

Mas, tão importante como isto é a capacidade de um diagnóstico distinguir a realidade evidente e aparente, revelando os fatores que estão por trás dessas evidências e que os políticos e a população não conseguem, por vezes, a “olho nu”, perceber. No entanto, um diagnóstico não visa só descrever os problemas mas, o seu objetivo é, igualmente, compreender e explicar esses mesmos problemas.
Só um diagnóstico adequado permitirá a terapêutica correta e a resolução daqueles deve ser o
resultado de uma ação política e nunca burocrática a cargo dos técnicos.

A estes cabe diagnosticar e propor, aos políticos cabe decidir de acordo com o diagnosticado e como
resultado dos seus programas eleitorais e convicções ideológicas.

É certo que há, hoje, várias formas de diagnóstico que o poder local usa, através da reunião,
através de parcerias e da intervenção em rede com vários parceiros sociais que se sentam “à
mesma mesa” para recolherem e trocarem informação, elaborando diagnósticos e planos de
ação. Disto mesmo é exemplo o “conselho municipal da educação”; e a “rede social”.

Não obstante, tal não é suficiente e, perante desafios que se colocam às autarquias, cada vez mais
complexos e que ditam o futuro das populações, como seja a redefinição do PDM (Plano
Diretor Municipal) entre muitos outros, revela-se fundamental lançar instrumentos de análise
à população que possam devolver a esta a propriedade do seu destino.

Penso mesmo, que será tão importante fazê-lo que vejo como exequível e necessário cada Câmara Municipal ter um gabinete de estudos que, em parceria com Centros de Investigação Universitários e até aproveitando e apoiando projetos de mestrado e doutoramento possam desenvolver estes
estudos de diagnóstico concelhio.

O resultado desta informação poderá ser, depois, devolvida à população sobre a forma de
publicações e, ainda, através de momentos de discussão coletiva que envolva a apresentação
desses estudos com a discussão dos seus resultados por especialistas de diferentes áreas e a participação da população e organizações de diferentes âmbitos. Diagnosticar precisa-se para
que se evite intervir de forma errada ou deixar de intervir onde é necessário.

Marcos Taipa Ribeiro, autor Grupo Privado Social Justa/Facebook

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