A geração «sanduíche», a espinha dorsal da ajuda mútua familiar

Comprometidos entre apoiar os seus filhos e netos, e ajudar os pais idosos, há toda uma geração na faixa dos 50 anos que desempenha um papel central na família, ainda pouco reconhecido na sociedade.

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Desde que Raphaël nasceu, em 2018, Annie, com 62 anos, sente-se uma avó realizada. Residente a alguns quilómetros de Paris, uma semana por mês, apanha o TGV rumo à capital francesa, para cuidar de seu neto. «Ouço a minha filha e o meu genro, fico à disposição quando precisam de sair à noite, ou passar o fim de semana fora». Desempregada, mas envolvida na caridade, Annie também cuida da mãe, de 85 anos, que mora sozinha em Nantes, desde a morte do marido, em julho do ano passado. «A minha mãe precisa de ser amparada, apoiada administrativamente e também tranquilizada neste momento de crise sanitária. Por isso, vou e volto a sua casa durante o dia, uma vez por semana».

Annie, pertence à «geração sanduíche» composta por 20 milhões de franceses com 50 anos ou mais, entre os quais, 18 milhões de avós. Uma geração, que ficou entre duas outras: os seus filhos, a quem ajudam cuidando dos netos em média nove horas por semana, e os seus próprios pais, idosos, às vezes dependentes, a quem dedicam em média duas a três horas por semana.

Dentro da “sanduíche”, o sociólogo Serge Guérin distingue a fatia dos que se sentem felizes por se sentirem úteis, mas envolvem-se de forma leve; e uma outra fatia, a dos que um pouco mais velhos, investem mais na família, pelo sentido do dever.

Suporte emocional, mas também uma contribuição económica significativa

“Esta geração está a segurar as duas pontas da cadeia: o início da vida dos seus netos e o fim da vida dos seus próprios pais. Ambos, contam com esta geração fundamental, que desempenha um papel crucial no auxílio mútuo familiar”, lembra Sophie Gaillet, fundadora do Grand-Mercredi, jornal digital especialista em avós.

De entre os avós que ainda trabalham, cerca de 45% são chamados a cuidar dos netos após a saída da escola, aos fins de semana, ou durante as férias escolares. Além disso, também investem nos ancestrais, por meio da presença ou da ajuda em casa. “Além do apoio emocional, uma referência essencial é a contribuição económica significativa da qual ninguém fala. A sociedade organizou-se, contando com a ajuda desta faixa etária, sem a reconhecer ou valorizar verdadeiramente”, lamenta Sophie Gaillet.

 

Albertina Castro-Meireles

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