CNIS – O fusílis da questão!

A CNIS desvalorizou a oportunidade de promover a defesa dos dirigentes das IPSS ao não subscrever ainda a petição lançada pela presidente da direção da UDIPSS Porto nas últimas semanas e que aqui demos notícia. Nessa petição sublinha-se a necessidade de o estatuto dos dirigentes sociais voluntários nas IPSS ser reconhecido, partindo da legislação já existente e assim fazer caminho para que não seja tão difícil como está a ser agora recrutar pessoas disponíveis para ajudarem na direção das instituições.

VEJA O ESTATUTO DOS VOLUNTÁRIOS NAS IPSS

Esta dificuldade está a ser sentida em todo o país e isso levou Maria José da Costa Miranda Meneses a meter pés ao caminho e lançar a petição. Ora, a direção da CNIS ainda não subscreveu o documento por razões que se desconhecem. E a ausência do presidente Lino Maia na cerimónia de lançamento desta petição poderá ter sido já um sinal de desvalorização da iniciativa.

A importância de voluntários dedicados nas IPSS

Os os dirigentes voluntários nas IPSS sempre foram a alma interna das instituições e foi um movimento destes líderes sociais que deu o tiro de partida nos anos 80 do século passado, no Porto, na criação da UIPSS, agora CNIS. Clara a visão: a solidariedade na subsidariedade ao lado da boa vontade de quem se dedica aos outros sem esperar recompensa! Nos anos 80 era assim!

Nos dias  de hoje até se admite como normal e sem nenhuma pergunta que dirigentes voluntários passem a ser dirigentes remunerados, e também se aceita com normalidade e sem espanto que trabalhadores se tornem dirigentes numa tendência que até agora também não preocupou ainda ninguém.

É neste horizonte que a iniciativa da UDIPSS Porto tem de ser vista: isto é, a petição e suas circunstância levam-nos a apoiar a iniciativa de Maria José da Costa Miranda Meneses sem reservas dada a sua urgência e por ser desejável a renovação das massas dirigentes nas IPSS em todo o país. Mas não só aí, também nos órgãos sociais das UDIPSS e também da CNIS.

Mas como renovar as estruturas representativas se hoje o horizonte do dirigente social voluntário apenas conhece engolhos e risco de abuso na opinião pública, sobretudo nas redes sociais? Como renovar se não protegemos quem nos pode dirigir e comandar?

O estatuto do dirigente das IPSS é essencial e deveria ser uma urgência para quem se dedica à solidariedade em Portugal. E todos devíamos seguir a coragem da presidente da direção da UDIPSS Porto. Por isso é relativamente estranho que a CNIS – a sua direção – mostre relutância em aceitar a iniciativa e até de a apoiar. Que razões levam uma mãe a não bater palmas às boas ideias de uma sua filha?

Renovação e encrencas, algumas naturais

Precisam as IPSS de ter em “lista de espera” novos dirigentes que enfrentem a inevitabilidades da vida e até ocupem lugares deixados vagos por cansaço de tantos dirigentes que precisam de ajuda na hora da sua saída. Mas como sair se olhando para o lado se verifica que não se fez nada para preparar dirigentes substitutos que consigam manter o rumo de trabalhos de décadas promovido por quem agora precisa de sair?

E que dizer quando a questão vem de cima, exatamente da CNIS onde de renovação mínima em renovação mínima atingiu um nível de renovação em círculo fechado e onde são visíveis questões de legitimidade democrática. … Pelos vistos de nada serviu o exemplo deixado pelo tesoureiro eleito que abandonando a presidência da UDIPSS Braga – após nomeação para bispo-auxiliar do Porto – se demitiu também da CNIS.

É pois neste contexto e nesta circunstância que reforçar o papel dos dirigentes sociais voluntários em Portugal é um tarefa urgente. Uma urgência que sendo um grito da independência da gestão das IPSS garantirá – se tiver apoio e por isso sucesso – a identidade do nosso movimento solidário português. E por isso é fundamental apoiar a petição lançada na cidade do Porto.

Por Arnaldo Meireles

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