A Revolução de Abril que tarda sempre

Requentado de absoluto, o “novo governo” retoma hoje a gestão da nossa banca rota. Não sei onde vamos estar daqui a quatro anos, em que fim de cauda. O que sei, infelizmente, é que vamos continuar a parecer, bem anafados e de mão estendida, em praças europeias. Os dias de “democracia” já ultrapassam os da ditadura. Comenta-se, com orgulho.
Era adolescente, em 1974. Recordo a dureza da vida e o seu rigor. Aprender exigia esforço, e o caminho não tinha por mote “qualquer coisa serve”. Não! A tecelagem que moldava a vida tinha de ser de exímia qualidade. Pessoas de grande fibra, verticais, verdadeiras, honestas, justas, bondosas, era o que esperava de cada um o ar que se respirava dentro e fora de casa.
Não escrevo em defesa de ninguém, muito menos de mim próprio. Mas escrevo em tempos ditos “livres”, “democráticos” para referir, que se num momento da nossa história coletiva, pessoas adultas ousaram desembaraçar-se de um estilo de governo ultranacionalista, fascista, hoje urge que outras tantas pessoas crescidas se encham de coragem para colocarem um ponto final numa ditadura disfarçada de democracia, constituída precisamente por aqueles que tomaram o poder em 1974, e nele se têm mantido até hoje, cuidando dos seus interesses, dos seus grupos, partidos, famílias, elites.
Não nos serve de todo o poder autoritário de um chefe de Estado, mas prefiro de longe um homem que se esforça por servir um povo, uma nação, que um corrupto narcisista, desbaratador e vendedor da sua família e do seu património, sem escrúpulos, sem vergonha e ainda por cima, legalmente protegido pela lei de um Estado de Direito.
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Por Henrique Pinto

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