Bispos lamentam que a Democracia tema a opinião do povo

Os Bispos portugueses lamentam que a Assembleia da República tenha reprovado a possibilidade de os portugueses se pronunciarem sobre a possibilidade da eutanásia através de um refrendo. Veja o comunicado da Conferência Episcopal:
A Assembleia da República acaba de reprovar a possibilidade de um referendo sobre a despenalização da eutanásia, referendo solicitado por uma petição com cerca de noventa e cinco mil assinaturas. É de lamentar esta decisão que, na prática, aprova a lei que despenaliza a eutanásia, embora o processo legislativo ainda não esteja finalizado.
Como está na Constituição da República Portuguesa, o direito à vida humana é inviolável; consequentemente, não é referendável. Mas, como afirmava há dois dias o presidente da CEP, “o referendo é o último caminho que nos resta para defender algo que julgamos essencial e civilizacional, não é apenas uma questão de Igreja”. Lamentamos que a maioria dos deputados da Nação não queira auscultar o povo, impossibilitando um debate mais amplo e uma reflexão mais aprofundada sobre tema tão essencial para cada cidadão e para a sociedade no seu todo.
Achamos ainda ter sido o pior momento para se tomar esta decisão, atendendo à gravíssima situação de pandemia que a todos atinge de modo tão dramático e, de modo particular, os mais idosos. Perante os dramas da vida, como o desta pandemia, a resposta não pode ser o que o nosso Parlamento está em vias de dizer: “Se as coisas estão mal, então ajudamos-te a morrer”.
O que faz falta é dizer e agir na atitude de quem afirma: “Se o sofrimento se torna tão dramático e insuportável, vamos estar a teu lado e ajudar-te a encontrar razões e meios para viver”.
Juntamente com as forças da sociedade que lutam pela causa da vida humana, uma questão sempre civilizacional, continuaremos a fomentar a defesa da vida humana, incentivando a encontrar caminhos de proximidade e acompanhamento em cuidados paliativos para os nossos idosos.
Lisboa, 23 de outubro de 2020
Secretariado Geral da CEP
A Nossa Opinião

Apontamentos sobre a Eutanásia e o Direito à Vida

O Direito à Vida é um direito constitucionalmente protegido pela Constituição da República e outros tratados internacionais a respeito como a Declaração dos Direitos Humanos, da ONU.

Este é um direito indisponível. A vida é um “bem” que não possui características negociáveis, ou possa se colocar um início ou fim na existência desta, pois é muito maior do que a nossa pequena compreensão de mundo.

A vida não nos pertence, mas é apenas um bem a ser administrado o melhor possível, até que este tenha que ser devolvido ao verdadeiro dono, e se tem que ser devolvido, não pode perecer, pois isto está além da nossa vontade.

O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, versa que todo homem deve ser tratado como igual aos seus, com dignidade inerente aos seus. Uma pessoa que está doente em estado terminal deve ser tratada com a mesma dignidade, o sofrimento é algo pessoal e que não pode ser medido e muitas vezes não pode ser sequer amenizado, como no caso das doenças da alma como dizem os poetas.

A morte nunca poderia por uma dignidade neste contexto, pois ela é sempre ingrata. Essa parece ser uma saída fácil para aqueles que escolheram se juntar a máquinas pelo corpo e perdurarem a sua existência. A Anomalia do Suicídio deve ser executada pelo doente apenas, sem auxilio, para que somente ele sofra com as consequências de seu ato, que vem a ser a oblação de sua vida.

Qualquer um que queira por fim na sua existência e não o consegue plenamente é por que possui dúvidas, e não decidiu realmente pelo caminho da morte, optou por ele por pensar ser mais fácil do que viver. Não há dignidade na morte, pois a morte é sempre ingrata, chega sempre quando não queremos.

Ainda, o Direito da Liberdade Individual. A Liberdade, como muitas pessoas imaginam como sendo a ausência de regras não é bem a sim, a Liberdade deve ser entendida como a escolha das vontades livremente, escolha de caminhos e outras coisas, bens que se possui, e o corpo não é um deles.

Tradicionalmente, o Fruto pertence a uma árvore, os Seres Humanos são frutos, os pais seriam os senhores dos seus filhos, e retrocedendo a humanidade chegaríamos a um criador único, que é o dono dos nossos corpos e do que há neles, inclusive a vida.

Não podemos escolher quanto às coisas que não nos pertencem e apenas administramos, pois ao cuidarmos, ou administrarmos algo que não nos pertence, apenas seguimos as diretrizes do Dono do bem para a melhor conservação do “bem”. Aceitar que podemos dispor de um bem tão importante como a Vida, seria aceitar que se dispusesse do corpo, o que até onde sei, é muito reprovável e indigno, como no caso das prostitutas.

Por fim, permitir práticas como a eutanásia é permitir que assassinos se satisfaçam pelo fim legal da vida de um semelhante, se pondo como senhores da vida de seus semelhantes, decidindo quem deve morrer e quem deve viver.

A vida deve ser vivida da melhor maneira, para o melhor dos outros seres humanos. O ciclo deve sempre fechar-se naturalmente, ninguém precisa de ajuda para que o ciclo se complete, pois desde o início, ele sempre se fechou e assim continuará a se fechar. Tudo que nasce naturalmente,  morre naturalmente.

 

 

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