Eugénio Fonseca terminou a sua liderança na Cáritas iniciada em 1999 – uma voz inconfundível da Igreja portuguesa em matéria social dá lugar a Rita Valadas, licenciada em política social, ela própria com experiência na direcção da instituição.
Em 1999, foi nomeado, pela Conferência Episcopal como presidente da Cáritas Portuguesa, tendo sido ainda presidente-adjunto da União das Instituições Particulares de Solidariedade Social, a atual CNIS, e presidente da Confederação Portuguesa de Voluntariado, cargo que ainda exerce; em 2003, tomou posse como membro efetivo do Conselho Económico e Social
Em declarações à Agência ECCLESIA, Eugénio Fonseca disse que o trabalho na direção da Cáritas correspondeu a um tempo de “grandes desafios”, “desilusões” e de consolidação do trabalho da Cáritas em Portugal.
“Foram tempos de grandes desafios, em que alimentei esperanças e também tive desilusões, fui capaz de suscitar muitas vontades e também algumas inércias. Houve um caminho que foi feito, a Cáritas é conhecida em Portugal, não por ser uma instituição das melhores mas pelo trabalho bem feito e de resposta às necessidades de cada tempo”, afirmou.
Eugénio Fonseca desejou as “maiores felicidades” à nova presidente da Cáritas, recordando que já fez parte de uma direção da Cáritas num dos mandatos a que presidiu.
Rita Valadas, a nova presidente
Em declarações à Agência Ecclesia, a presidente da Cáritas nomeada pela Conferência Episcopal Portuguesa disse que recebeu o pedido do episcopado “como uma missão de muita responsabilidade”, que encara como um “serviço às Cáritas Diocesanas”.
Para Rita Valadas, ser presidente da Cáritas no contexto da atual pandemia é um trabalho com um desafio acrescido, por não conseguir “chegar tão perto” das pessoas como gostariam.
“O maior benefício da Cáritas em Portugal é chegar muito perto das pessoas e agora não o podemos fazer. Mas equacionaremos todas as hipóteses e soluções em possamos servir quem precisa”, afirmou Rita Valadas.
A nova presidente da Cáritas Portuguesa, Rita Valadas, é licenciada em Política Social e já integrou a direção da instituição católica; integrou ainda o Departamento de Ação Social na Santa Casa da Misericórdia de LiEugénio José da Cruz Fonseca nasceu em Setúbal, em 1957; na diocese sadina foi diretor do Secretariado Diocesano do Ensino da Igreja nas Escolas, até 2002, e presidente da Cáritas local, entre 1987 e 2016.
Comentário
Recebi esta notícia pela agência Ecclesia e o meu primeiro pensamento foi: para onde onde vai este homem, agora? De facto foi uma surpresa mas certamente uma decisão simples e pacífica. E a minha supresa advém do facto de ter acompanhado com interesse a liderança de Eugénio Fonseca desde os primeiros momentos do seu mandato, eu que o conheci anos antes noutras instâncias.
É um dos melhores activos da Igreja portuguesa, caldeado no tempo por Dom Manuel Martins que lhe ensinou o sentido do tempo e como optar pelo respeito das convicções. Talvez tenha sentido isso na hora de sair.
Vinte anos à frente da Cáritas é de facto muito tempo. Fica assinalado o excelente contributo de Eugénio a favor da Igreja mas sobretudo da sociedade portuguesa – que não o pode deixar ir para a reforma. Um líder desta natureza não se dispensa.
Arnaldo Meireles
Fontes: Ecclesia, foto de destaque jornal Ionline
Todos querem uma sociedade justa. Nós lutamos por ela, Ajude-nos com a sua opinião. Se achar que merecemos o seu apoio ASSINE aqui a nossa publicação, decidindo o valor da sua contribuição anual.
Parabéns Arnaldo Meireles, pelo brilhante comentário sobre a saída do Eugênio da Fonseca da Caritas…para bom entendedor meia palavra basta… O Eugênio da Fonseca triunfou com glória, porque venceu no meio de muitas desilusões e perigos.
Alfredo Cardoso. Presidente A.N.D.S.
O Sociedade Justa assinalou a saída de Eugénio Fonseca. Num país onde o medo da palavra inunda os espíritos e onde é tão difícil dedicar tempo à causa social, achamos que figuras desta natureza merecem o respeito de toda a gente. Um abraço, por uma sociedade justa.