A crise ambiental de que se fala tanto teve por base a conceção antropocêntrica que favoreceu uma visão utilitarista e consumista que se esqueceu da nossa ecodependência. Por isso precisamos de um novo olhar pela natureza e mundo para refletirmos no conceito da ecologia integral, porque tudo está interdependente. Como o bom senso e o sentido da sobrevivência nos intima a refletir convido-o a ver este vídeo da ONU e espero que retome este texto. https://youtu.be/CPUBgcQmAbM
A natureza surpreende-nos *a medida que a vamos compreendendo e refletindo sobre as interdependências entre os habitats e as espécies que neles habitam e consequentemente sobre a qualidade de vida ou a falta dela para milhões de pessoas. Por isso a preservação da biodiversidade deveria assentar também em princípios éticos independentemente dos benefícios diretos para o homem ou ecossistemas. Ora a grande variedade de espécies e formas de vida num meio em equilíbrio têm papel importante que garante ciclos do ar, da água e da reciclagem de nutrientes. Cada espécie desempenha um papel insubstituível e a sua interrelação é essencial.
Neste contexto a cidadania ambiental ajuda a melhorar o nível do conhecimento e práticas sobre a importância da proteção do ambiente e da sustentabilidade de forma consequente para atingirmos um desenvolvimento humano equilibrado. Os esforços de conservação até aqui foram insuficientes para evitar o colapso de vários ecossistema e perda da biodiversidade. As evidências científicas mostram os impactos da emergência climática, na biodiversidade e poluição que mata milhões de pessoas.
A agenda 2021-30 do ONU aborda várias dimensões do desenvolvimento socioeconómico e ambiental sustentável. Desde o ano de 2015 que estabeleceu objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) como: erradicar a pobreza e fome; saúde e educação; igualdade de género; água e saneamento; energias renováveis e acessíveis; trabalho digno e crescimento económico; industria, inovação e infraestruturas; desigualdades; cidades e comunidades sustentáveis; produção e consumo sustentáveis; ação climática; proteção vida marinha; paz justiça e instituições eficazes
A questão das alterações climáticas é a questão mais premente pois ameaça a produção de alimentos, provoca à subida do nível das águas do mar e aumenta o risco de inundações catastróficas.
O processo de desertificação na Península Ibérica em curso também exige cuidados redobrados na adaptação, mitigação e combate às alterações climáticas. Para enfrentarmos as mudanças climáticas precisamos de um equilíbrio entre mitigação e adaptação. Ora alguns países pouco contribuíram para as alterações climáticas e são aqueles que são mais atingidos por elas! Esta crise climática foi gerada por décadas de consumo e produção intensiva que irão dificultar a reconstrução da biosfera.
Se medirmos a nossa pegada ecológica poderemos avaliá-la e refletirmos sobre algum consumo que leva ao desperdício, acabando os bens por não terem um prazo mínimo de vida útil aumentando a poluição e lixos. Assim “nunca faremos as pazes com a natureza” tão exigidas no anterior vídeo do qual deixei link.
O consumo é muito necessário para a economia e do qual todos dependemos, mas consumir com responsabilidade que implique fazer escolhas criteriosas, pois a publicidade nem sempre ajuda, para não haver desregulação e desperdício. Também muito mais poderíamos fazer ao nível da reutilização dos sacos e materiais de embalagem sobretudo no cluster dos alimentos.
Por isso as alterações climáticas poderão vir até a alterar a nossa dieta, que se deseja amiga do ambiente, embora não tendo a obrigação de sermos veganos. Também há ecossistemas mundiais que mereciam ser restaurados para produzir mais e melhor para as populações não precisarem de migrar em massa à procura de alimentos e trabalho. Uma economia sustentável impulsionada por energias renováveis e soluções baseadas também na natureza criaria novos empregos e uma infraestrutura mais limpa.
O Plano de Recuperação e Resiliência Português (PRRP) vai implementar um conjunto de reformas e de investimentos até 2026 que permitirão retomar o crescimento económico (que se deseja o mais sustentado possível) com o objetivo de maior convergência com a EU. A sua gestão será centralizada na missão “Recuperar Portugal”. Terá três dimensões estruturantes: Resiliência, Transição Climática e Transição Digital. Para cada uma delas haverá um conjunto de reformas e investimentos com vista a conseguir a neutralidade carbónica até 2050 e um país mais competitivo, com menos custos de contexto e em linha com o Futuro Digital e Pacto Ecológico da UE.
Com a dimensão da Resiliência o objetivo é contribuir para o aumento do valor das exportações de bens e serviços; com a da Transição Climática permitir a bioeconomia sustentável, descarbonização da indústria, intervenções na mobilidade sustentável, energias renováveis; e eficiência energética em edifícios; e com a da Transição Digital pretende-se continuar e melhorar as estruturas digitais eficazes para assegurar a desmaterialização das aprendizagens, transações de processos e possibilidade de um trabalho remoto com ganhos estruturais.
O PRRP poderá trazer uma oportunidade única para a recuperação económica, esbater as assimetrias regionais, premiar a resiliência de empresas, instituições e municípios que, apesar das dificuldades continuam a atrair empresas que criam algum emprego, conhecimento cientifico, técnico e coesão territorial. O momento atual é para fazer as escolhas certas essenciais para o bem-estar das Regiões e do País, da EU e da Humanidade. Vamos acreditar que será possível!
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Manuel Correia Email:manuel.correia.cronicas@gmail.com Mestre em Extensão e Desenvolvimento Rural
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