Dez anos do Papa Francisco e as suas frases simples

Dez anos do Papa Francisco e as suas frases simples e já emblemáticas de um papado desconcertante para quem quer uma Igreja de poder. Ele fala de Deus como “carícia” e refere o “perdão” como caminho de libertação.

Brinca com piadas sobre a “sogra” e faz temer a segurança dos seus seguidores institucionais, habituados ao conforto da cor de púrpura e pouco abertos a tanta liberdade de linguagem.
afirma-se como o primeiro “Papa digital”, tendo contas nas plataformas que toda a gente usa e consegue uma visibilidade global que conquista a simpatia de crentes e não crentes.

Convida os crentes a manifestarem a alegria da fé e a deixar cair o rosto carregado de “pimenta em conserva; e lembra as mulheres como “cereja no topo do bolo” e por isso essenciais, merecendo a sua inclusão mais plena na Igreja.

Não se esqueça de orar por mim

É um Papa que pede para rezarem por ele e aos domingos na comunicação do Angelus deseja a todos “um bom almoço” e diz “adeus”.

Mas também deixou dito: “Gostaria de dar a bênção, mas antes quero pedir-vos um favor. Antes que o bispo abençoe o povo, peço que rezem ao Senhor para me abençoar – a oração do povo pelo seu bispo. Façamos esta oração, a tua oração por mim, em silêncio”.

Quem sou eu para julgar?

Na viagem ao Brasil e quando perguntado sobre o clero homossexual, disse: “Se alguém é gay e busca o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgar?”

Para muitos, foi uma declaração chocante do líder de uma instituição global ainda amplamente considerada homofóbica por parcelas significativas da sociedade, e onde muitos indivíduos homossexuais têm lutado para encontrar acolhimento e aceitação.

Esta linha é talvez a mais famosa de todas as falas do Papa Francisco ao longo dos anos, e passou a representar seu alcance mais amplo para a comunidade LGBTQ ao longo de seus 10 anos como Papa.

O cheiro das ovelhas

Entretanto, ele pede que os padres assumam “o cheiro das ovelhas”, sendo pastores próximos ao seu povo, em vez de administradores governando de um escritório frio e obsoleto. Falou assim logo duas semanas após a sua eleição em março de 2013, dizendo aos padres: “É isso que estou pedindo a vocês, sejam pastores com cheiro de ovelhas.”

Igreja como hospital de campanha

Talvez uma das imagens mais pungentes da Igreja que o Papa Francisco conjurou foi sua descrição inicial da igreja como “um hospital de campanha” durante uma entrevista com o padre jesuíta Antonio Spadaro, editor da revista jesuíta La Civiltà Cattolica, em agosto de 2013.

Durante essa conversa, que aconteceu em três reuniões diferentes, Francisco disse: “O que a Igreja mais precisa hoje é a capacidade de curar as feridas e de aquecer o coração dos fiéis; precisa de proximidade, proximidade. Vejo a Igreja como um hospital de campanha após a batalha”.

“É inútil perguntar a uma pessoa gravemente ferida se ela tem colesterol alto e sobre o nível de açúcar no sangue! Você tem que curar suas feridas. Então podemos conversar sobre todo o resto”, disse Francisco.

Reproduzir como ‘coelhos’

O Papa Francisco levantou as sobrancelhas e criou uma quantidade significativa de reação, quando num voo de volta das Filipinas em 2015, disse aos repórteres que bons católicos deveriam praticar a paternidade “responsável” e não precisavam se reproduzir como “coelhos”.

“Algumas pessoas pensam que… para sermos bons católicos, temos que ser como coelhos. Não. Paternidade é ser responsável. Isso está claro.”

Esta observação papal, embora tenha provocado alguns sorrisos, causou uma enorme reação entre a comunidade pró-vida, especialmente o movimento pró-vida católico americano, que viram o comentário do papa como crítico e ofensivo. Sem dúvida, marcou o início inegável do fim da fase de lua de mel para Francisco, particularmente com os católicos americanos conservadores.

Cultura descartável

A “cultura do desperdício” tem sido uma crítica constante para o Papa Francisco, que desde cedo definiu o termo como “a vida humana, a pessoa, não são mais vistos como um valor primário a ser respeitado e salvaguardado”.

A “cultura do descartável” é um tema ao qual o papa volta com frequência nos seus discursos públicos e homilias, e também foi um tema importante de destaque de sua ecoencíclica de 2015 Laudato Si, na qual ele usou o termo para condenar não apenas o consumismo perdulário, mas puros interesses de capital e a busca de lucro às custas de pessoas, valores e comunidades quando parecem carecer de valor imediato ou quantificável.

Casamento: Por favor, obrigado e me desculpe

Vestindo seu chapéu pastoral, o Papa Francisco ofereceu ao mundo outra clássica frase memorável durante uma audiência geral em 2015, dando aos fiéis naquela ocasião o que ele disse serem três palavras-chave para qualquer casamento saudável: “por favor”, “obrigado” e “Eu’ sinto muito.

Essas palavras “abrem o caminho para uma boa vida familiar”, disse, mas advertiu que, embora simples, “não são tão fáceis de colocar em prática”, exigindo uma grande capacidade de autorreflexão e uma capacidade de engolir o orgulho.

Embora existam inúmeras outras frases que o Papa Francisco usou ao longo dos anos – comparando fofocas a “terrorismo” e condenando a “rigidez” entre o clero, que alguns interpretaram como uma crítica aos católicos conservadores de tendência tradicionalista, ou sua insistência no perdão – estas estão entre as mais memoráveis e que definiram o tom de seu papado.

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