Segurança quebrada no pagamento das comparticipações às instituições

Burla informática afectou algumas instituições no momento em que a Segurança Social deu ordem de pagamento das comparticipações do último mês a algumas instituições de solidariedade social, neste caso e sobretudo no distrito de Vila Real, temendo-se que o mesmo erro ou crime se repita em próximas tentativas de pagamento.

Acresce que chamada a atenção para o facto de algumas IPSS não terem recebido a devida e prevista comparticipação, a Segurança Social “lavou aos mãos” considerando ter “feito a transferência” para “o nib indicado” do credor pelo que se alheava do sucedido!

Contudo sabe-se que o sistema de pagamentos da Segurança Social só depende dos serviços do Ministério ele mesmo promotor e garante do sistema de pagamentos, neste caso por via informática, pelo se estranha que perante o problema causado a SS, neste caso o pagador ache que de facto o pagamento está feito, mesmo verificando-se que o credor (IPSS) não recebeu.

O busílis da questão!

A Segurança Social aponta para um eventual “acesso ilegítimo” à rede informática gerida pelo Instituto da Segurança Social, IP com alteração do IBAN da IPSS Associada, com o intuito de estranhos receberem as comparticipações devidas às IPSS afectadas.

Também se sabe que compete ao Instituto da Segurança Social, IP gerir o sistema informático com os parâmetros que considerar mais adequados a garantir a sua fiabilidade e segurança, mas sempre cumprindo os requisitos mínimos de segurança e normalização das regras de acesso.

Verificando-se ou tendo-se verificado (e pior podendo-se repetir o ilegítimo acesso) importa que a Segurança Social corrija de imediato a lacuna que deixou criar obviando e impedido o acesso ilegítimo que permira o desvio de verba alheia!

O que se regista é que neste caso, especificamente, o Instituto da Segurança Social, ao não ter garantido a segurança dos seus sistemas informáticos por si geridos, é responsável por todos os danos ocorridos à IPSS Associada e esta se mantém credora da comparticipação/verba alvo de burla impedindo a IPSS de facto de receber o valor que a SS pretendeu transferir.

O que nós sabemos

Em data da última transferência para as IPSS, no momento da transferência, alguém acedeu ao sistema de pagamentos da Segurança Social e clonou o nib das instituições alvo de burla, naquele momento. Pelo que no acto de carregamento da conta a ser feito pela SS  o nib receptor foi o clone em prejuízo do real – aquele que a IPSS indicou em sede de contrato de comparticipação.

Admite-se que o “golpe” infomático tenha sido praticado através da pegada informática com base na Coreia do Norte, Rússia ou outras localidades, mas pode muito bem ter sido praticado em Portugal através de endereços protegidos e ficticiamente colocados em países estrangeiros no sentido de dificultar a identificação às autoridades portuguesas.

Este ataque é visto sobre dois prismas: ou foi feito por entidades/pessoas estranhas ao sistema informático do Instituto de Segurança Social, e portanto promovido por hackers, como tem acontecido em todo o mundo; ou foi promovido por entidades/pessoas que conhecem a arquitectura do sistema de pagamentos do ISS.

Labirinto para ser desvendado pelas nossas autoridades, verificada que está a burla, mas sobretudo por inexistirem razões que possam tranquilizar qualquer IPSS que em futuros pagamentos pode ser vítima do mesmo “esquema”!

Cautela e caldos de galinha!

E lá voltamos nós mais uma vez a visitar o nosso tio Joaquim – personagem conhecida dos nossos leitores – com quem nos costumamos aconselhar quando confrontados com “problemas da vida”, pois claro. E fomos a Vila Verde falar deste assunto ao nosso amigo tanoeiro.

  • Oh tio Joaquim, como vai? então com este frio…
  • Nha… no verão e outono vou trazendo lenha, olha pra ela ali e abeira-te do quentinho
  • É sempre vão vê-lo,
  • E desta vez qual é o aperto?
  • Nem lhe digo nada!
  • Oh diabo? Dinheiro, queres ver?
  • O dinheirinho dos salários dos duzentos empregados do lar foi-se!
  • O quê? a minha neta não vai receber este mês?
  • Não sei como vai ser…
  • Mas que merda aconteceu?
  • Olhe, eu não acredito, mas o que a Segurança Social diz é que me mandou o dinheiro pró banco
  • Então está lá!
  • Não, carago, o dinheiro não entrou e a Segurança Social diz que pagou!
  • Mau Maria, não me fodas!
  • Oh tio Joaquim, ouça?
  • Ouve lá, como te vou ouvir: a Segurança Social pagou e o dinheiro não entrou? Então onde está?
  • Não se sabe!
  • Mau Maria, que minha Glória que Deus tenha me ilumine: Ora vamos lá ver. Todos os meses, em dia certo, recebes no lar o dinheiro do Estado para pagar a comida dos velhotes e os ordenados dos empregados.
  • Sim
  • E agora não recebeste o dinheiro e o Estado diz que pagou?!
  • Isso mesmo!
  • Minha Nossa Senhora, nunca confiei em doutores de Braga, mas pelos vistos os de Lisboa são piores!
  • Pois é…
  • Olha se a moda pega… Oh Finanças, eu já paguei a décima, não receberam….vão ao Totta, Ha ha hi hi hi só neste país
  • Pois é…. mas como dou a volta a isto? Está a ver?
  • Olha, se já te roubaram a massa tens de ir falar com os advogados de Braga, eles arranjarão maneira de te ajudar que eu nestas coisas de direito não sei nada… sempre perferi as curvas das minhas pipas e da minha Glória… mas tem cautela
  • Pois cautela e caldos de galinha nunca  fizeram mal a ninguém
  • Também já não sei se isso é verdade com galinhas de aviário…
  • Oh tio Joaquim, o que não quero é ser comido outra vez, está a perceber?
  • Isso, põe-te fino. Vai a Braga, à Segurança Social, pede o livro de reclamações dizendo que não recebeste a massa e que queres o mais depressa possível receber o que te devem…
  • Isso, só isso?
  • Acrescenta: Requisito todos os meses, no dia de pagamento, que me seja entregue um cheque visado na valor da dívida para que eu o possa trocar em dinheiro para pagar as minhas responsabilidades. Assina e guarda cópia que eles não são de confiança, estás a perceber?
  • Isso é andar pra traz, tio Joaquim, estamos na era da globalização..da internet…
  • E não foi a internet que te fodeu, oh home de Deus!
  • Pois foi…
  • Então levanta-me esse cu da cadeira, vai a Braga e faz o que te disse, percebido!
  • Oh tio Joaquim, não se zangue, vim falar consigo para me aconselhar, obrigado.
  • Eu sei, e falo como amigo, mas agora levas um aviso: se no próximo mês não tiveres massa para pagar o mês à minha neta quem lá vai sou eu; e racho-te todo!

Terminado o diálogo, despedimo-nos com o abraço do costume, e sei que o meu tio Joaquim se sentou de novo à lareira e retomou a “conversa” sem palavras com a tia Glória – ambos falaram a gozaram sobre o deslumbre que sentimos com a internet esquecendo que a vida interessa nas coisas pequenas desde que experimentadas no tempo que respiramos.

Por Arnaldo Meireles

 

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