Manif na CNIS: Oh pá! O salário não chega

Vestido da minha burguesia fui à manif na CNIS. E gostei! Durante 30 minutos escutei e acolhi a ladaínha das reivindicações. Todas certas, sonoras, claras e até desesperadas. O salário é curto para o mês que é longo e que hipoteca as esperanças de quem trabalha num país pobre com manias de rico. A vida está difícil, pronto.

Ao mesmo tempo perguntei a mim próprio o que estariam os dirigentes das IPSS a pensar se ali estivessem a ouvir como eu. Por eles falou o presidente da direcção da CNIS quando se dirigiu aos jornalistas:

IPSS: A gestão no arame e o orçamento de manta curta

Os números que a seguir se apresentam foram tornados públicos em Coimbra no mês de Março no dia 21. Resultado do estudo da CNIS produzido pela Universidade Católica, pode ser lido por muitos prismas: especialistas do Excel, trabalhadores e dirigentes, analistas, políticos e outros interessados na coisa social. Preferimos olhar para eles com o cuidado de quem pretende saber o resultado de uma radiografia porque sendo exacta nos permite um diagnóstico antes de preparamos qualquer sentença.

Estes  mesmos números foram explicados pelo presidente da CNIS. São 20 minutos que precisamos de recordar para que se saiba na primeira pessoa o que de facto está a acontecer no tecido social português servido pelas IPSS, os seus dirigentes e trabalhadores. Neste vídeo também fica a saber a importância das IPSS na criação de emprego e mesmo a sua relevância por regiões no nosso país. VEJA porque é importante reter esta informação:

No caminho do salário justo

A espuma dos dias forneceu-nos a etiqueta do “trabalho digno”. O trabalho não precisa de adjetivações. É um acto de valor próprio e por isso muito mais que um direito e um dever. É nele que se joga a dignidade da pessoa e se constrói uma civilização. Por isso tem de ser visto com estima e com aquele carinho de quem respeita o ar que respira. Por ser essencial tem a atenção de todos, por ser necessário merece o nosso respeito.

Mas quem trabalha, somos nós: as pessoas que nas suas diferenças comungam a mesma aspiração: o salário justo. Precisamos de parar aqui com a liberdade de interrogar os caminhos andados mas também os que falta percorrer.

Desde 1983 que caminho ao lado das IPSS, na minha profissão, e onde construí o entusiasmo de as conhecer e por isso testemunhar o percurso feito neste terreno da economia solidária. Nos olhares dos trabalhadores e dos dirigentes destas instituições sempre encontrei uma visão humanista que não vejo nos outros sectores da economia. Percebi e percebo as dificuldades e as tensões.

O que vi e vejo permite-me escrever que a (relativa) paz social que experimentamos na sociedade portuguesa se deve às respostas comunitárias que as IPSS teceram em todos os municípios, naquelas áreas onde os problemas sociais ainda não atraem o apetite de outros intervenientes, nomeadamente os interesses privados que na sua actividade apenas procuram os rendimentos de capital.

Estas instituições com as empresas privadas apenas têm em comum a expressão “capital social”. E como é diferente a hermenêutica da coisa!

História do Salário Justo

O nosso jornal “Sociedade Justa” nasceu em Agosto de 2019. O primeiro trabalho editado tratou de apresentar aos nossos leitores uma série de artigos sobre o salário justo, partindo da mundividência cristã que é a nossa. Pode rever os artigos aqui:

https://sociedadejusta.pt/economia-social/o-justo-salario-na-concepcao-catolica/

https://sociedadejusta.pt/economia-social/o-salario-familiar-na-sociologia-crista/ 

https://sociedadejusta.pt/economia-social/o-direito-ao-salario-justo-nos-documentos-pontificios/

https://sociedadejusta.pt/economia-social/o-justo-salario-na-escolastica/

https://sociedadejusta.pt/economia-social/o-justo-salario-na-antiguidade/ 

Isto é muito texto! Vamos desanuviar com o Luís Cília fartinho de “razões”:

 Os caminhos não andados

Vim da manif para casa com algumas “comichões”. Aquelas que me dizem para perguntar a quem governa o que pode/deve fazer para que o caminho do salário justo seja percorrido na economia solidária. Com este “exército” de trabalhadores e dirigentes sociais que garantem a paz social em todo o país, todos eles credores de reconhecimento nas suas aspirações/reivindicações, o que devemos esperar do Poder?

Confesso que ainda não encontrei resposta. Mas pressinto a necessidade de desenhar um itinerário comum para que trabalhadores e dirigentes sociais o percorram – nem que seja, uns à direita e outros à esquerda – no sentido de consolidar reivindicações comuns para o melhor serviço social prestado aos nossos familiares que nas IPSS encontram o seu porto de abrigo.

Por Arnaldo Meireles


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